A cidade de São Paulo é a maior do país, e entre as brasileiras, uma das mais influentes no cenário global. O fluxo de pessoas é grande; apresenta uma cultura extremamente heterogênea, resultado da diversidade que se encontra por lá. É ainda um dos principais polos culturais do país, abrigando museus e teatros, e uma cena musical fervilhante. São Paulo tem de tudo, e é claro que tem muita moda também. É a principal fabricante brasileira de vestuário, com empresas atuando em todos os segmentos. Os centros de produção da capital paulistas são os bairros do Bom Retiro e do Brás, onde se concentra a maior parte do que é produzido.

Conhecido por ser um dos grandes centros comerciais da cidade, o Bom Retiro lembra de seus tempos áureos, quando as estações Júlio Prestes e da Luz eram os meios por onde chegavam e partiam os viajantes mais ricos. Antigo lar de judeus, armênios, italianos, gregos e árabes, hoje é habitado por uma população majoritária de coreanos. Com um número de residências decrescente, grande parte delas coletivas para habitantes de baixa renda, abriga indústrias de confecção e tecelagens, além de um vasto comércio de atacado.

Há décadas o Bom Retiro é lembrado por oferecer produtos baratos, mas agora tem também espaço para qualidade um pouco mais de sofisticação. Muitas marcas da região fazem viagens para fora do país, atrás das tendências internacionais, facilitando a tarefa das clientes que antes buscavam os produtos nos Estados Unidos. Circulam pelo bairro paulistano cerca de 70 mil pessoas por dia, atraídas pela diversificação; é esse o motivo das marcas criarem 6 peças novas por dia, gerando uma movimentação de 2 bilhões de reais a cada ano.

O bairro do Bom Retiro abrange uma enorme gama de segmentos de moda, passando pelo feminino, masculino, infantil, teen, jeanswear, beachwear, malharia, moda festa, moda evangélica, moda indiana e tamanhos especiais. Ainda oferece acessórios, aviamentos, armarinhos, artigos para decoração, cama, mesa e banho e tecidos. As vias de moda do bairro podem ser dividas por ruas e seus respectivos segmentos. A Rua da Graça, por exemplo, tem como foco a malharia e o tricô. A Rua Silva Pinto especializou- se em roupas conservadoras e sociais, para senhoras e tamanhos grandes. Na Ribeiro Lima pode-se encontrar bolsas e carteiras a preços acessíveis. Já a José Paulino é conhecida por abrigar uma diversidade de produtos a preços bem baixos. A Rua Aimorés é mais sofisticada, ponto de encontro das donas de boutiques.

Esse polo popular de moda já foi até inserido no calendário nacional, por meio do Bom Retiro Fashion Business, evento criato pela Câmara de Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, como uma iniciativa para transformar o bairro em um grande núcleo de moda.

Partindo para o bairro do Brás, temos o maior polo de confecções do país. Com sua origem ainda no século XVIII, recebeu no ano de 1877 uma ferrovia, atraindo atividades industriais e comerciais. O bairro acabou se tornando consideravelmente popular.

Há poucos anos, os visitantes do Brás viam o lugar como uma representação do caos, devido às filas aborrecedoras para pagar, pilhas de roupas nos balcões e correrias. Os clientes iam atrás de produtos de vestuário baratos e em grande quantidade. A configuração do cenário hoje é outra: o comprador quer qualidade, variedade e diferenciação. As lojas de atacado do bairro, então, investiram em conforto e tratamento personalizado para os seus clientes.

O Brás, assim como o Bom Retiro, oferece um número infindável de segmentos de moda, desde aviamentos e acessórios a segmentos mais específicos como surf wear e moda indiana. Apesar disso, o jeans ainda é o artigo que comanda as vendas realizadas no bairro.

É no Brás que se localiza o shopping Mega Polo Moda, abrigando 400 lojas. O shopping oferece um estacionamento com 500 vagas para carros e 33 para ônibus, além de possuir um hotel com capacidade para 300 hóspedes em uma região que recebe diariamente cerca de 3 milhões de compradores. É responsável pela revitalização do bairro e pela elevação dos níveis de qualidade dos produtos e lojas. Promove palestras e workshops para que os lojistas e revendedores fiquem por dentro das principais tendências de cada temporada.

Essa estrutura de comércio popular não é nenhuma novidade para os compradores provenientes das diversas regiões do país. Cada vez mais eles buscam variedade e diferenciação, além de qualidade. É por esse motivo que as marcas dos redutos da moda popular se mostram mais preocupados em inserir informação de moda nos seus produtos, investindo em equipes de estilo e viagens para o exterior, para fins de pesquisa. O resultado final é uma adaptação “fashion” aquilo que a grande massa da população quer vestir.

Miss Anita Kuhn Redação

Tags: Moda São Paulo

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