A fertilidade é um problema relacionado à idade, não importa quão jovial é a aparência da mulher

Com o conceito de envelhecimento ativo bem propagado em nossa sociedade, é comum pensarmos que “os sessenta anos podem ser os novos quarenta”, e “os quarentões são agora os novos trintões”... Mas em termos biológicos, isto não é verdade, principalmente, se a mulher está tentando conceber. Hoje, uma mulher bem sucedida, com quarenta anos, certamente investiu tempo e dinheiro em sua educação e em sua aparência, tentando parecer mais jovem. E em nossa sociedade associamos traços de juventude e beleza a “características de fertilidade". Isso é um mito: a ligação entre atratividade e fertilidade. Os avanços da indústria da beleza, da dermatologia e da cirurgia plástica, para não mencionar a devoção à yoga, ao pilates e aos exercícios físicos estão fazendo o possível para “diminuir um bom número de anos” nas mulheres. À primeira vista, elas estão admiravelmente mais jovens em relação à sua idade cronológica. Mas os especialistas em reprodução humana temem que as mulheres estejam alimentando uma larga desconexão entre o que elas veem no espelho e o que está acontecendo com seus órgãos reprodutivos. É preciso saber que entre os 30 e os 40 anos, os órgãos internos “estão envelhecendo”, mesmo sem as mulheres sentirem isso, mesmo sem a percepção clara desta passagem do tempo. Hoje, é comum ver mulheres que se surpreendem com o diagnóstico de infertilidade relacionado à idade. “Eu cuido da minha alimentação, tomo suplementos vitamínicos, não bebo, não fumo, venho de uma família fértil e grande... Como não consigo engravidar?”, elas questionam, sem levar em conta a própria idade. “E esta irrealidade – esta diferença entre a idade e a aparência – é reforçada por Hollywood, para o desespero crescente de muitos obstetras e ginecologistas. Agora, as estrelas e celebridades, nos seus 40 anos, não são apenas celebradas como símbolos sexuais, mas a julgar pela cobertura da mídia, elas parecem estar se reproduzindo sem dificuldade alguma. O que fica na cabeça das mulheres comuns é que as celebridades decidiram e conseguiram engravidar com mais de 40 anos”, afirma o ginecologista Jonathas Borges Soares, diretor do Projeto ALFA, Aliança de Laboratórios de Fertilização Assistida. São comuns publicações que estampam em suas capas manchetes como esta: "25 Estrelas que deram à luz depois dos 40" (US Magazine), transformando estas mulheres em ícones do glamour. Nesta lista estão Brooke Shields, Madonna, Jennifer Aniston todas com sorrisos radiantes e bebês no colo. A divulgação de informações que destacam a maternidade tardia também se estende pela Internet. O site Celebrity Baby Scoop parece fazer apologia ao tema. Sem a noção exata... “Todos – homens e mulheres – pensamos ser mais férteis do que realmente somos. As mulheres precisam aprender a separar a saúde geral da saúde reprodutiva. Devem estar cientes de que a fertilidade diminui com a idade, não importando os cuidados adotados com a própria saúde geral”, diz Jonathas Soares. Uma pesquisa recente, realizada pela Resolve e pela Serono - The Fertility IQ 2011 Survey - revela que as mulheres são realmente mal informadas a respeito deste tema. A maioria não conhece fatos básicos sobre sua própria fecundidade e sobre os efeitos do envelhecimento sobre sua fertilidade. Realizada com mais de 1.000 mulheres com idades entre 25 e 35 anos, o estudo constatou que as mulheres estavam erradas, na maioria das vezes, sobre quanto tempo levariam para engravidar e sobre o quanto sua fertilidade diminui de acordo com o aumento da idade. Muitas entrevistadas não sabiam que uma mulher saudável de 30 anos tem apenas 20% de chances de conceber a cada mês. E que aos 40 anos, este percentual cai para 5%. As mulheres pesquisadas ampliaram muito as probabilidades reais: a maioria achava que uma mulher de 30 anos de idade teria cerca de 70% de chances de conceber e que aos 40 anos, estas chances poderiam chegar a 60%. “Há uma clara necessidade de educar o público feminino sobre o impacto da idade sobre a fertilidade. É importante que as mulheres saibam que com a idade tornar- se cada vez mais difícil conceber e que as taxas de concepção não são tão elevadas como a maioria das pessoas acredita”, reforça o diretor do Projeto ALFA. Outro campo onde há uma grande lacuna de conhecimento está no tempo em que as mulheres acreditam que demoram para engravidar. Apenas 14 % das entrevistadas respondeu corretamente esta pergunta. Elas achavam que uma mulher de 20 anos poderia engravidar em menos de dois meses de relações sexuais desprotegidas, quando a média real é de cinco meses. “As questões levantadas pela pesquisa são básicas e têm um impacto muito grande sobre a fertilidade feminina. Talvez, seja por falta de informação que vemos mulheres com 35 anos de idade ou mais tentando engravidar por um ano ou mais sem buscar ajuda. As notícias frequentes sobre celebridades que engravidam depois dos 40 anos de idade confundem muito o público, pois o que se noticia é o nascimento e não o tratamento ao qual as celebridades foram submetidas até levarem a gravidez a termo”, destaca o médico.

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